Na época de minhas primeiras tentativas de produção literária, ouvi de dois amigos a mesma crítica, embora com palavras diferentes. Um era escritor, enquanto o outro é professor de idiomas. Achei curioso e quase inacreditável ouvir que eu provocava tensão, um sentimento profundo de desconforto, como um abraço que se sabe anunciar uma queda no abismo.
Sempre li muito, mas nunca senti algo como isso. Imaginei, na época, que podia ser exagero. Muitos anos depois Peter Straub me ensinou a que meus amigos se referiam.
Em seu “Um Lugar Especial”, o autor conduz a narrativa de forma aparentemente despretensiosa, desprovida de grandes pretensões ou floreis. Porém, intencional e irreversivelmente conduz o leitor a um estado de agonia.
A história é um recorte da vida de Keith Hayward, um menino que desde cedo demonstra tendências ao desajuste social e à crueldade. Como a maior parte dos assassinos em série de quem se tem notícia, dá início à sua trajetória sombria com atos de crueldade animal. Não há como sentir algum tipo de simpatia por ele, embora também não seja possível torcer para que algo mude o desfecho trágico que se anuncia, minuto a minuto, frase por frase.
Além de sua própria inclinação ao mal, Hayward ainda conta com as lições do tio Till, que se revela prestativo na tarefa de transmitir dicas aterradoras que a maioria de nós dispensaria. E é justamente Til que desencadeia o evento que, embora previsto pelo leitor, faz com que qualquer um torça para que não se concretize.
A narrativa de Straub é soberba e comprova todo o seu talento literário. Como um bom escritor, ele não precisa apelar a imagens sangrentas e adjetivos exagerados. Tampouco há espaço em sua prosa para lugares comuns. O medo se instala em quem acompanha a narrativa de forma sutil e crescente, antes mesmo que alguém perceba que está sendo arrastado para porões escuros.
A impressão remanescente após o desfecho perverso é tão desoladora quanto um diálogo presente no filme “Oito milímetros”, de Joel Schumacher. Quando indagado por um policial sobre o motivo dos crimes brutais que cometeu, o assassino responde, imperturbavelmente calmo: “Por que eu podia”. Uma declaração chocante que, aliada ao retrato de Keith Hayward, é capaz de substituir a aura de mitos que receberam muitos serial killers norte-americanos por uma imagem perturbadora.
Sempre li muito, mas nunca senti algo como isso. Imaginei, na época, que podia ser exagero. Muitos anos depois Peter Straub me ensinou a que meus amigos se referiam.
Em seu “Um Lugar Especial”, o autor conduz a narrativa de forma aparentemente despretensiosa, desprovida de grandes pretensões ou floreis. Porém, intencional e irreversivelmente conduz o leitor a um estado de agonia.
A história é um recorte da vida de Keith Hayward, um menino que desde cedo demonstra tendências ao desajuste social e à crueldade. Como a maior parte dos assassinos em série de quem se tem notícia, dá início à sua trajetória sombria com atos de crueldade animal. Não há como sentir algum tipo de simpatia por ele, embora também não seja possível torcer para que algo mude o desfecho trágico que se anuncia, minuto a minuto, frase por frase.
Além de sua própria inclinação ao mal, Hayward ainda conta com as lições do tio Till, que se revela prestativo na tarefa de transmitir dicas aterradoras que a maioria de nós dispensaria. E é justamente Til que desencadeia o evento que, embora previsto pelo leitor, faz com que qualquer um torça para que não se concretize.
A narrativa de Straub é soberba e comprova todo o seu talento literário. Como um bom escritor, ele não precisa apelar a imagens sangrentas e adjetivos exagerados. Tampouco há espaço em sua prosa para lugares comuns. O medo se instala em quem acompanha a narrativa de forma sutil e crescente, antes mesmo que alguém perceba que está sendo arrastado para porões escuros.
A impressão remanescente após o desfecho perverso é tão desoladora quanto um diálogo presente no filme “Oito milímetros”, de Joel Schumacher. Quando indagado por um policial sobre o motivo dos crimes brutais que cometeu, o assassino responde, imperturbavelmente calmo: “Por que eu podia”. Uma declaração chocante que, aliada ao retrato de Keith Hayward, é capaz de substituir a aura de mitos que receberam muitos serial killers norte-americanos por uma imagem perturbadora.